O lúpulo é o ingrediente da cerveja que além de aumentar a sua estabilidade microbiológica, influencia diretamente o seu sabor e aroma.
Dependendo da variedade utilizada, o lúpulo pode conferir à cerveja notas mais amargas e aromas frutados, cítricos ou herbais.
Na prática, isso é bem mais complexo – e divertido! – já que, hoje em dia, você pode encontrar cerca de 120 tipos diferentes de lúpulo, incluindo vários experimentais. Cada um tem perfis de aroma e sabor únicos, como tropical, frutas cítricas frescas e pinho mais forte.
É por isso que a escolha do lúpulo é tão importante para o resultado da cerveja no copo.
E é por isso também que nós da ESCM resolvemos dar uma mãozinha pra você que está a procura do lúpulo perfeito para a sua cerveja.
Com o objetivo de compartilhar com você a história e as características das principais variedades de lúpulo do mundo, convidamos o professor da ESCM, Duan Ceola, licenciado em química e um dos maiores nomes do lúpulo do Brasil para dividir o seu conhecimento com a gente.
Hoje falaremos do Ekuanot, o lúpulo americano que promete dar um up na sua próxima IPA.
Confira!
O nome: Ekuanot ou Equinox?
Até bem pouco tempo atrás o lúpulo Ekuanot era conhecido como Equinox.
A alteração do seu nome está cercada de motivações pouco sólidas, sem que saiba exatamente qual é a verdadeira.
Uns dizem que é porque haveria uma cervejaria nos Estados Unidos com o nome antigo, a Equinox Brewer Co.
A segunda hipótese é a de que a cervejaria Lagunitas teria já em seu portfólio uma cerveja com o rótulo Equinox.
De um jeito ou de outro, a história é que o Ekuanot ™ foi lançado comercialmente como “Equinox” e posteriormente renomeado devido a questões de marca registrada.
Quando, onde e por que o Lúpulo Ekuanot foi desenvolvido?
Antes de ganhar vários nomes comerciais, o que é certo é que esse lúpulo cultivado nos Estados Unidos era conhecido somente como HBC366, indicando que foi desenvolvido pela Hop Breeding Company.
Ele foi desenvolvido no ano de 2001, através do cruzamento do lúpulo Warrior e uma variedade de lúpulo macho selvagem.
O objetivo era criar uma planta com altíssimo rendimento e com boa quantidade de alfa-ácidos.
Foi assim que a combinação do lúpulo Warrior, conhecido pela sua grande concentração de alfa-ácidos, com a genética do lúpulo selvagem, caracterizado pelo seu alto rendimento, deu vida ao Ekuanot.
O professor Duan Ceola comenta que essa mistura genética é tendência no mundo dos lúpulos, não apenas nos americanos, como nos australianos, neozelandeses e mesmo aqui no Brasil: estão todos em busca de alta produtividade.
A ideia dos produtores, como você pode suspeitar, é conseguir, em pequenas áreas de cultivo de lúpulo, o maior número de cones de lúpulo por planta.
Infelizmente, o professor explica que ele não pode ser cultivado aqui no Brasil, uma vez que a planta de lúpulo chamada ‘HBC 366’, o Ekuanot, é patenteada.
Prós e Contras do Lúpulo Ekuanot
Apesar de idealizado em 2001, o lúpulo Ekuanot começou a ser comercializado apenas no ano de 2014. Nesses treze anos, a planta que originou a nova variedade foi acompanhada e estudada de perto pelos pesquisadores para somente depois ser inserida no mercado cervejeiro.
De acordo com os registros da patente,
“Uma única planta de ‘HBC 366’ foi selecionada em 2003 e em 2007 foi expandida para 70 plantas, que foram plantadas na área de Toppenish, Wash. As plantas foram observadas e avaliadas por vários anos, e em 2009 foram expandidas para mais observação e avaliação na área de Toppenish, Wash. Um lote de teste de três acres de ‘HBC 366’ foi estabelecido em 2009. Ao longo de várias gerações de propagação assexuada, foi observado que o ‘HBC 366’ manteve suas características distintas e permaneceu fiel ao tipo.”
A primeira cervejaria que explorou esse lúpulo na fase de testes foi a Sierra Nevada.
No início, ele foi adicionado à receita de uma cerveja sazonal, mas o sucesso de público foi tão grande que a cerveja com o lúpulo Ekuanot entrou de vez para a linha comercial da Sierra Nevada.
A principal característica do Ekuanot está, de fato, em seu alto rendimento, considerado excelente.
Por outro lado, esse rendimento não está associado à resistência. Esse lúpulo é muito suscetível a pragas e ao míldio, uma doença típica de plantações de lúpulos.
Portanto, apesar de render muitos cones, ele adoece com facilidade, e isso faz com que uma grande quantidade de pesticidas e fungicidas sejam utilizados no cultivo do Ekuanot.
Características, perfil sensorial e estilos indicados para a utilização do lúpulo Ekuanot
Em relação ao teor de alfa-ácido, ele apresenta de 14,0% a 17,0%, Cohumulone entre 35,0% a 38,0% e, em média, 2,5 mL de óleos essenciais por cones de 100g.
Segundo a descrição da patente, o Ekuanot tem capacidade de armazenamento de 60% a 65% de alfa ácidos restantes após 6 meses de armazenamento à temperatura ambiente.
Alfa-ácido | 14,0% a 17,0% |
Cohumulone | 35,0% a 38,0% |
Óleos essenciais | 2,4 a 2,7 mL / cones de 100 g |
Já no perfil sensorial, o lúpulo Ekuanot tem uma propriedade aromática cítrica distinta.
Quando fresco, ele apresenta notas que lembram limão e laranja.
Já quando um pouco oxidado, ele apresenta também notas de frutas vermelhas, como morango e pitanga, atribuindo aromas bem interessantes à cerveja.
Os estilos indicados para a utilização do lúpulo Ekuanot são aqueles que focam em sabor e aroma, como as APAs e IPAs.
Ekuanot tem sido destaque também em muitas cervejas de single hop. Seu alto teor de óleo o torna um bom candidato para adições tardias, em processo de whirlpool ou dry hopping.
O professor Duan conta que o seu experimento cervejeiro de uma Double IPA Single Hop com lúpulo Ekuanot ficou simplesmente espetacular!
E você? Já usou o lúpulo Ekuanot nas suas cervejas?
Compartilhe com a gente os seus resultados e já aproveita para deixar a sua sugestão de lúpulo para falarmos nos próximos post!
Prosit!
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