Imagine a cena: estamos na estação mais fria do ano, os termômetros marcam poucos graus Celsius positivos, você vai receber amigos para um jantar em casa e adoraria criar um clima elegante e acolhedor. Pensado no cardápio, seria natural incluir um vinho na lista de compras, certo?
Mas, e se esse jantar fosse harmonizado com cervejas de inverno?
Pode parecer estranho para quem ainda pensa que a bebida é sinônimo de verão, mas quem ultrapassa essa barreira descobre que a estação mais fria do ano é um convite às experimentações de estilos diferenciados e refinados.
Abaixo, você confere algumas dicas para escolher a cerveja certa para lhe fazer companhia nesse inverno!
Qual tipo de cerveja é mais indicada para o inverno?
Algumas características podem ajudar a entender se uma cerveja é mais adequada para o inverno:
- Teor alcoólico mais elevado: quanto maior o teor alcoólico de uma cerveja, mais licorosa ela tende a ser e, além disso, maior a sensação de aquecimento na boca. (E se o teor alcoólico é mais elevado, a temperatura de serviço também tende a ser maior. Então nada de servir cerveja “trincando” aqui.
- O copo: a taça na qual a cerveja deve ser servida também pode sinalizar se ela será adequada para um dia frio. Normalmente, cervejas nessa linha tendem a exigir taças mais “bojudas”. Se você não tiver uma em casa, a taça de vinho é uma boa substituta.
- Pense nas cores: maltes com algum nível de torra, variando dos tons vermelhos, cobreados até os mais escuros, podem ser bons indícios de cervejas de inverno.
- A cerveja passou por algum estágio de maturação em barris? Outro ótimo indicativo de que esta cerveja é adequada para o inverno.
Cervejas de inverno: estilos e harmonizações
Todas as escolas cervejeiras possuem estilos que se adaptam melhor ao inverno.
Basta lembrarmos que o inverno europeu e norte-americano costuma ser mais rigoroso – e não seria por conta do frio que a população deixaria as cervejas de lado em seu dia a dia.
Abaixo, você confere qual estilo cai bem no inverno acordo com cada escola cervejeira.
Escola Alemã: os estilos para apreciar a baixas temperaturas
Entre as cervejas da Escola Alemã, podemos destacar os seguintes estilos como cervejas de inverno:
Bock: O termo “Bock” (bode, em alemão) indica que esta é uma cerveja mais potente, encorpada, com uma carga maior de maltes. É um estilo tradicionalmente ligado ao início do inverno, apresentando coloração que vai do marrom ao marrom muito escuro, aromas de maltes escuros e castanhas. A percepção de lúpulos é relativamente baixa e o amargor, mediano. Além disso, o teor alcoólico deste estilo gira em torno de 5% a 6%. Harmonize com risoto de cogumelos ou massa com molho bolonhesa.
Doppelbock: cervejas “extra-fortes”, com uma carga pronunciada de malte que lhe garante sabor adocicado, aromas de malte, caramelo, toffee e castanhas. O álcool pode ser perceptível na boca e o amargor, discreto. A menção honrosa deste estilo vai para a Eggenberg Samichlaus Classic, uma Doppelbock com 14% de teor alcoólico. Harmonize com crème brûlée e carne de porco assada.
Eisbock: Reza a lenda que o estilo surgiu quando um descuidado taberneiro esqueceu um barril de Doppelbock na neve. Fato é que esta cerveja é feita a partir do congelamento de uma Doppelbock. Depois disso o gelo é removido, resultando em uma bebida ainda mais alcoólica. Harmonize com sorvete de creme e queijos azuis.
Weizenbock: É a versão de inverno das cervejas de trigo. Apresentam notas de banana caramelizada, cravo, frutas escuras e na boca, a sensação de calor é agradável devido ao álcool. Harmonize com truta e strudel de banana.
Escola Inglesa e as cervejas de inverno
Já na Escola Inglesa, as Stouts, Barleys e Scotch Ales são as mais indicadas para o inverno:
Stout: Aqui, o destaque é para o malte torrado, que traz aromas de café, chocolate, toffee. Pode apresentar variações, como as Dry Stout (mais seca e leve), Oatmeal Stout (com aveia), Sweet Stout (adição de lactose). As estrelas deste estilo são as Imperial Stout, intensas e refinadas. Harmonize com sobremesas à base de chocolate – como um delicioso fondue acompanhado de frutas vermelhas.
Barley Wine: É uma cerveja extremamente maltada que pode passar por maturação em barris, o que lhe confere uma textura quase licorosa, com notas amadeiradas. Experimente harmonizar com polenta com rabada e pudim de leite.
Scotch Ale: São cervejas que apresentam notas relevantes de malte no aroma e no paladar. Com teor alcoólico variando de moderado a alto, podem conter notas defumadas discretas. Prove com cordeiro assado e carnes de caça.
Escola Franco-belga: os estilos que vão bem na estação mais fria do ano
Entre as cervejas da Escola Franco-Belga, combinam com o inverno:
Dubbel: Um dos estilos produzidos por monges trapistas. Apresenta notas de frutas secas, como uva-passa e ameixa, castanhas e caramelo. Combina com pernil de cordeiro e arroz de pato.
Belgian Dark Strong Ale: São potentes, com teor alcoólico variando entre 8% a 11%, adocicadas, com notas de figos, caramelo e frutas secas. Também podem ser chamadas de Quadruppel, outra variação trapista. Prove com carnes robustas e gordurosas como costela de boi e queijos bem maturados e envelhecidos.
Flanders Red Ale: Esse complexo estilo apresenta notas semelhantes às do vinho. Normalmente passa por maturação em barris e, graças à fermentação com Brettanomyces, é uma bebida até um pouco acética. Harmonize com sopa de cebola gratinada e croque monsieur.
Escola Americana e as cervejas para beber no friozinho
Por fim, entre as cervejas da Escola Americana mais adequadas para o frio, estão as:
Pumpkin Ale: O estilo recebe adição de abóbora, fruto comum no outono americano e que ajudava a diminuir a proporção de malte na cerveja. Harmonize com costelinha de porco e doce de abóbora cristalizada.
American Barley Wine: O aroma e o amargor proveniente do lúpulo agregam ainda mais personalidade a este estilo, que também conta com notas amadeiradas, de caramelo e toffee. Harmonize com nhoque ao molho gorgonzola e torta de limão.
Gostou das cervejas de inverno?
Então agora é só provar e se deliciar com tantas possibilidades.
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