O Que o “Retrato dos Consumidores de Cerveja” Revela sobre o Mercado Nacional

No dinâmico e por vezes desafiador mercado de cervejas artesanais, a intuição e a paixão pela cerveja nem sempre são suficientes para garantir o sucesso. 

Em um cenário onde a concorrência aumenta e os hábitos de consumo mudam rapidamente, como evitar tropeços e construir um negócio sólido?

Essa foi a pergunta central da palestra “Decifrando o mercado: como dados e estratégias podem evitar prejuízos” no Seminário Internacional da Cerveja 2025. Ludmyla Almeida (@ipacondriaca) e Bia Amorin (sommelière de cervejas e da BeberÚ) trouxeram uma provocação essencial: o mercado cervejeiro nacional carece de dados – e, muitas vezes, não sabe como utilizá-los a seu favor.

Prepare-se para desmistificar o “ódio aos dados” e entender como a informação pode ser sua maior aliada!

A Verdade que os Dados Contam: Desvendando o “Efeito Bet”

Ludmyla e Bia iniciaram a palestra desafiando a ideia de uma “receita de sucesso” garantida.

Elas introduziram o conceito do “Efeito Bet”: a tendência de uma “manada” de pessoas ou empresas seguir uma única tendência de mercado na expectativa de ganhos fáceis. 

O exemplo das cervejas sem álcool, atualmente no auge de um “hype”, ilustra isso: o crescimento rápido leva muitos a investir, mas nem todos colherão os mesmos frutos se não houver um planejamento estratégico e uma compreensão dos ciclos do mercado.

Tendências sobem e, naturalmente, estabilizam-se.

Entender esses ciclos é crucial para investir tempo, dinheiro e energia de forma inteligente.

O Retrato Fiel do Consumidor Brasileiro: Pesquisa que Guia

A pesquisa “Retrato dos Consumidores de Cerveja”, liderada por Ludmyla desde 2020, é um farol nesse cenário. Com mais de 8.500 respostas em todo o Brasil (muito mais que uma pesquisa política, por exemplo!), ela oferece uma visão aprofundada do consumidor. 

Os resultados revelam:

Inclusão e Diversidade: Uma preocupação latente é a falta de diversidade no “rosto” do mercado cervejeiro, que ainda não reflete a pluralidade da população brasileira (com 51% de mulheres, muitas delas chefes de família). A pesquisa aponta a necessidade urgente de incluir mais mulheres, pessoas negras e outros grupos, adaptando a comunicação e a experiência para que se sintam acolhidos.

Preferências de Embalagem: A lata ultrapassou a long neck como a embalagem mais consumida pela maioria do público pesquisado, principalmente pela praticidade e preservação da qualidade. Contudo, há nuances regionais: o Nordeste, por exemplo, ainda prefere garrafas por questões culturais e de percepção de qualidade, enquanto o Sul, influenciado pela cultura do vinho, também tem apreço pelas garrafas de vidro.

Estilos em Ascensão: A IPA se consolidou como o estilo mais consumido pelos entrevistados, seguido pela Weiss e Pils. Curiosamente, a Pils é a “porta de entrada” para jovens entre 18 e 25 anos, que buscam familiaridade com o paladar das cervejas de massa. Esse dado é valioso: se você faz uma Pilsen, sua comunicação deve mirar nesse público específico!

O Hype da Cerveja Sem Álcool: Corroborando a tendência global, a cerveja sem álcool é o “hype” do momento. O conceito de “Zebra Stripes” (alternar bebidas alcoólicas e não alcoólicas) mostra que o consumidor busca flexibilidade, e marcas famosas já estão entrando nesse nicho (e.g., Tom Holland com sua Bero).

Leia também: Controle de Qualidade em Cervejarias: Impactos na Satisfação do Consumidor e nas Vendas

As Razões do “Não Consumo” e o Mix de Produtos Necessário

A pesquisa também questionou: por que as pessoas não bebem cerveja artesanal? 

As respostas se dividem em três grandes categorias:

• “Acha caro”: Não se briga com preço com as grandes indústrias. O posicionamento da artesanal deve ser de valor agregado, não de custo.
• “Não gosta”: Isso aponta para a necessidade de “introdução alimentar” – ou seja, educação e formação do paladar do consumidor, papel essencial de cervejeiros caseiros, sommeliers e bares.
• “Não encontra” e “Não sabe o que escolher”: Essas dores revelam a dificuldade de acesso e a “morte dos empórios” tradicionais, onde o consumidor podia explorar rótulos e descobrir novos sabores.

Para combater esses pontos, as palestrantes sugeriram a importância de um mix de produtos diversificado. Não se trata de abandonar a paixão pela cerveja, mas de considerar opções como “chope de vinho” ou ready-to-drinks (RTDs), como hard seltzers.

O objetivo é ter diferentes produtos para diferentes públicos e preços, assim como um supermercado oferece desde o arroz mais caro ao mais barato.

Quer saber mais sobre as pesquisas, as estratégias de inclusão e todos os detalhes dos dados que podem guiar o futuro da sua cervejaria?

A palestra completa de Ludmyla e Bia Amorim é um convite para você olhar para dentro do seu negócio e para o mercado com um olhar crítico e baseado em dados. No vídeo, elas abordam, ainda, outros insights cruciais, como:

• Dados e a LNF: O preocupante número de cervejarias que encerraram atividades no último ano e a importância de dados mais precisos.
• Como usar seus próprios dados: A tarefa de casa para cada negócio analisar suas métricas internas para tomar decisões mais assertivas.
• A Importância da Hospitalidade: Como o feedback do cliente, inclusive em plataformas como o Google Maps, pode moldar a experiência e a fidelização.
• Sair da “Bolha” Artesanal: A necessidade de levar a cerveja artesanal para outros ambientes (turismo, música, alta gastronomia) para ampliar o público.

A paixão pela cerveja é o ponto de partida, mas a análise crítica da sua própria operação, do seu público e das tendências de mercado é o que vai garantir a longevidade do seu negócio.

Não há receita pronta, mas há um caminho sólido a ser construído com base em informações reais.

Se você quer continuar essa jornada de conhecimento, fica o convite:

Disponibilizamos o vídeo completo com a palestra sobre os Dados e Estratégias no Mercado Cervejeiro no nosso canal YouTube!

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