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Destilados artesanais no Brasil e no mundo

Ainda que você não seja um consumidor frequente de destilados, provavelmente conhece marcas como Absolut Vodka, Tequila José Cuervo, Rum Havana Club, Johnny Walker, Jack Daniel’s ou Bombay Gin e, inclusive, Cachaça Ypioca! Estes são grandes nomes, produtos das grandes destilarias que, até algum tempo atrás, determinaram os caminhos do mercado de destilados dentro e/ou fora do Brasil.

Campanhas publicitárias agressivas, produtos criteriosos, elaborados dentro de um padrão industrial de qualidade, storytelling, apelo visual… Prateleiras e prateleiras entre empórios, mercadinhos e supermercados abarrotados com esses produtos conhecidos e reconhecidos apenas por uma logomarca, às vezes. Mas e todas aquelas outras garrafas que você vê, hoje em dia, passeando pelos balcões dos bares e restaurantes ou casas especializadas? Mas e aquelas garrafas menos conhecidas, indicadas como produtos artesanais no próprio rótulo de incontestável apelo visual?

Pequenos lotes para viabilizar a criação e execução de receitas de alta qualidade e personalidade que muitas vezes superam, e muito, as bebidas produzidas em larga escala. Tal qual o mundo das cervejas artesanais, os destilados artesanais ensaiam seus primeiros passos de uma nova etapa de efervescência (no Brasil, porque em muitos países, assim como no meio cervejeiro, o movimento já vem de alguns anos).

Seguindo esse comparativo

Entre a cerveja artesanal e o destilado artesanal, pode-se traçar o paralelo entre a cerveja caseira e o destilado caseiro, feito em escala doméstica ou em pequenas destilarias (seria o destilado cigano). Os americanos, adeptos de uma espécie de movimento que dita o do it yourself (faça você mesmo) ou o ground-to-glass (do chão ao copo), estão recriando o mercado, trazendo para o consumo popular bebidas como whiskeys, bourbons, brandies ou gins em pequena escala.

Colin Spoelman, dono da primeira destilaria estadunidense aberta após a revogação da Lei Seca, afirma que hoje existem aproximadamente 500 destilarias artesanais de uísque operando por lá. Aliás, foi o espírito da Lei Seca que fez surgir, nos EUA, a prática destas pequenas destilarias, já que a produção, venda, transporte e consumo de bebida alcoólica foram proibidos (entre 1920 e 1933). Nesse período os pequenos produtores agiam fora da lei para fabricar destilados. É como se o país vivesse, hoje, uma redescoberta dos pequenos produtores. O “beba local” começa a aparecer nesse meio, também.

Novo boom

Alguns observadores da cena norte-americana sugerem que esse novo boom foi iniciado por causa da coquetelaria, que ganhou bastante força na última década. Modismos à parte, esse movimento é sentido no Brasil, também. A tendência vem sendo construída pelas próprias empresas de produção em larga escala, que começaram a lançar rótulos “super premium”, principalmente de Cachaça. Afinal, não querem perder seus consumidores para um outro tipo de produtor que promete incomodar cada vez mais.

É perceptível que a destilaria nacional vem ganhando cada vez mais espaço. Publicações, reportagens, reconhecimento do produto nacional, promoções, eventos, modismos (Aperol Spritz e Gin Tônica são as bolas da vez) …. Tudo isso indica um crescimento importante. E para o brasileiro que é curioso, tem um quintal imenso de matérias-primas à disposição e muita criatividade (que sobra, vide a cena cervejeira nacional), o cenário é promissor.

O fato é:

Observa-se hoje, em território internacional e em terra brasilis, a estreita relação entre a cerveja artesanal e a destilação artesanal. Estão intimamente ligadas. Pra começo de conversa, ambos processos começam com um mosto de grãos que liberam os açúcares fermentáveis. Também, alguns equipamentos do maquinário e da infraestrutura necessária para a produção de cerveja pode ser utilizado na produção de destilados, o que pode fazer com que o interesse do cervejeiro, em algum momento, mire para o destilado. Uma parte da parafernália já está ali, a produção dele já é meio caminho andado.

Quer ver?

  • Na Inglaterra, a cervejaria Adnams implantou uma moderna microdestilaria dentro de sua nova (2008) planta fabril. O presidente da cervejaria, Jonathan Adams, diz que por ser um engenheiro da área de cervejas sempre foi fascinado pelo mundo da destilação, compreendendo claramente as sinergias e as vantagens em se produzir cerveja e destilado em um mesmo local.
  • A escocesa Brewdog tem planos para construir uma destilaria na próxima fase de expansão, e já contam com alguns tanques de cobre importados da Alemanha. O projeto é uma destilaria com capacidade para produzir 6.500 litros de bebida.
  • Nos EUA, a Dogfish Head tem uma pequena destilaria em seu brewpub em Rehoboth Beach, onde produzem pequenas quantidades de vodka e gin. Também a Ballast Point se sobressai, sendo uma das empresas mais experientes no ramo de trabalhar com fermentação e destilação há bem mais de uma década.
  • Na Itália, a Baladin também alçou vôos em destino aos destilados. Através de parceria com a destilaria Villa Rosati, a Baladin traçou um caminho diferente, selecionando algumas de suas receitas para passar pelo processo da destilaria. Estas cervejas são deixadas para envelhecer por longos períodos em barricas de carvalho para adicionar algumas novas notas aromáticas.

Parece um movimento natural para algumas cervejarias. No Brasil, o que não dizer de Junqueira, da Morada, e seu Gin que vem ganhando fama nos bastidores cervejeiros?

Enfim, foi dada a largada!

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